- Este é um tema ao qual eu me debato desde muito na minha vida profissional. Em qualquer área profissional, não se pode (ou não se devia), deixar cair em comodismos. Eu próprio tenho as minhas rotinas profissionais, como qualquer outro ser mortal. mas como já referi anteriormente em outros assuntos, que "o bom profissional, é aquele que tem o conhecimento das suas próprias limitações". Por isso a cada etapa/tarefa que os meus conhecimentos profissionais são solicitados, tento sempre ao máximo reduzir as minhas limitações, logo com esta atitude, consciente ou "inconscientemente", não caio na monotonia profissional.
No que vou falar daqui para a frente, o leitor poderá interpretar que só me refiro ao atleta de futebol, o que não e verdade, só utilizo o atleta de futebol porque é um exemplo ao qual eu posso falar com melhor conhecimento de causa. Pois respeito e admiro muito todas as outras modalidades desportivas.
- Quando eu digo que para mim um atleta tem de ser considerado como um F1, é uma realidade, porque não é só realizar os exames médicos de pré temporada, etc... A cada treino; sessões de trabalho individual; jogo, o atleta deve ser ouvido pelo departamento clínico que o acompanha, a fim de se chegar ao melhor do próprio atleta, como debelar algum sintoma menos bom que ele nos possa relatar (como um piloto de F1 faz com os seus mecânicos e restantes membros da sua equipa). Atrás de um atleta, está presente um ser humano, não sendo profissional tem o seu desgaste físico, sendo profissional, o seu desgaste acaba por ser em grande percentagem muito elevado, pois o esforço físico acaba por ser diário. Muitas vezes não controlado.
- Muitos treinadores, a treinar em Portugal ao mais "alto nível", queixam se muitas vezes do desgaste físico da sua equipa. Se por exemplo, tiverem um jogo a 4ª ou 5ª feira, e forem jogar no Domingo seguinte, os treinadores comentam sempre o mesmo: "a equipa não teve tempo de recuperar" (algo muito escutado no nosso país, que até já se acha normal e ninguém fala o contrário). O que eu critico em muito essa falta de profissionalismo "nesse campo", isso só demonstra o quão mal se trabalha. Tive a possibilidade de trabalhar numa equipa de ciclismo profissional Espanhola, em que "um" ciclista faz 220km num dia, no dia seguinte realizam mais 180; 190; ou mesmo 200km, isto por vezes 4 dias ou mais seguidos. O segrego, chama-se TRABALHO, pois no fim de cada etapa os ciclistas são submetidos a um trabalho de recuperação excepcional.
No nosso futebol ao mais alto nível, 98% das equipas trabalham como amadores(no que diz respeito a recuperação). Por exemplo: se as equipas jogam em casa, no final do encontro só é realizado os primeiros cuidados, toma- se o duche, e ok, tudo pronto para se enfiarem dentro dos carros e regressarem a suas casas, porque na maior parte dos casos só há regresso ao trabalho na tarde do dia seguinte (raramente na manhã seguinte). É claro que com estes procedimentos os níveis de recuperação dos atletas, são medíocres. Agora realizar um bom trabalho de recuperação dos atletas dá TRABALHO, mas também dá SUCESSO! Como se recordam dos 190 e 220km que falei dos ciclistas, em dias consecutivos, também se recordam de ver no final de muitos encontros ou nas substituições, que o atleta de futebol (X) fez 8 ou 10km em todo o encontro de noventa e poucos minutos, e passado 3 ou 4 dias temos os nossos treinadores a falar que têm os atletas cansados, porque não houve tempo de recuperação. Irónico mas real!
É óbvio que não são os treinadores que se devem ocupar de toda a recuperação dos seus atletas, mas sim todo o conjunto médico que se encontra nos bastidores. Pois a equipa não é só treinador e jogadores, mas sim todo o seu staff, técnico e clínico. O sucesso aparece com trabalho, e manutenção periódica/permanente dos seus F1. Um atleta bem fisicamente, com todos os seus índices físicos e emocionais em cima, é realmente um outro atleta.
- Em muitos casos nos nossos clubes, com a falta de acompanhamento aos atletas (alguns deles com nomes bem conhecidos no nosso futebol e na Europa), e com o decorrer do tempo, aparecem as queixas dos atletas junto do seu departamento clínico. E que em muitos casos, alguns profissionais na área da saúde já não os conseguem resolver num curto espaço de tempo. O que seria evitado se o acompanhamento fosse permanente. Quem paga esta factura, é o atleta que se depara com uma paragem prolongada, prejudicando a sua carreira (em muitos casos), e não por culpa própria, mas sim de outros intervenientes ou não intervenientes, como preferirem!
Na área desportiva, aplica-se o termo Fisioterapia Desportiva nessa área de Reabilitação e não só Fisioterapia(há-de ser por algum motivo, e não por acaso).
- Numa próxima postagem aqui no BLOG, vou falar como se pode ver ou controlar os índices físicos dos atletas, sem que sofram grande desgaste físico. Igual ao F1 que vemos e admiramos sempre o seu desempenho e que todos os anos nos surpreendem a todos.
Possivelmente, muitos leitores estão a comentar: isto não é nada de novo. Eu respondo, se não o é, porque não o aplicam?!
quinta-feira, 10 de março de 2011
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