FISIOTERAPIA DESPORTIVA
A Fisioterapia, ou reabilitação, é um programa dinâmico de exercícios prescritos para prevenir ou reverter os efeitos deletérios da inatividade enquanto o indivíduo recupera seu nível precedente de competição. Diferentemente da reabilitação convencional, na qual o retorno completo da função poderá não ser possível, a reabilitação atlética combina o exercício e as modalidades terapêuticas com a finalidade de restaurar os atletas ao seu nível normal de atividade. A reabilitação atlética não inclui apenas a restauração completa do desempenho irrestrito, mas se esforça também para um nível de condicionamento maior do que o nível que o atleta possuía antes da lesão. Terá que levar em conta força muscular, potência, flexibilidade e resistência (endurance), assim como equilíbrio, propriocepção, momento apropriado e desempenho cardiovascular. Cada programa de reabilitação deve ser individualizado de forma a atender as necessidades individuais de cada atleta.
A fisioterapia desportiva, ou reabilitação atlética abarca principalmente a restauração das estruturas músculo-esqueléticas traumatizada. Só raramente uma lesão é tão leve a ponto de tornar desnecessária alguma forma de reabilitação, e, como regra, quanto mais séria for a lesão, mais prolongada e necessária será a reabilitação. A eficácia da fisioterapia no período de recuperação, tanto após uma cirurgia quanto após um traumatismo, geralmente determina o grau e o sucesso da futura competição atlética. Além do mais, as lesões sofridas durante a participação atlética são em geral, produzidas em circunstâncias inerentes ao desporto especifico: portanto, o atleta pode ficar exposto a um traumatismo recidivante idêntico, o que torna mais provável uma nova lesão. Esse potencial para sofrer uma nova lesão torna necessário um tratamento fisioterápico exaustivo e completo.
Em qualquer lesão, ocorrem eventos fisiológicos específicos em resposta ao traumatismo. Cabe ao fisioterapeuta reduzir a gravidade desses efeitos fisiológicos, otimizar o tempo de cicatrização e devolver o atleta à competição o mais cedo possível sem comprometer seu bem-estar. Os objetivos de todo o programa de fisioterapia incluem:
1) Redução da dor;
2) Redução da resposta inflamatória ao traumatismo;
3) Retorno da amplitude activa de movimento plena e isenta de dor;
4) Redução do derrame;
5) Retorno de força, potência e endurance musculares plenas
6) Retorno às actividades funcionais assintomáticas plenas no nível pré-lesão
Tumefacção, dor e espasmo podem inibir a instituição precoce de um programa de fisioterapia. O uso de várias modalidades pode ser essencial no controle e na redução dessas respostas, permitindo ao atleta iniciar precocemente os exercícios de amplitude de movimento e de fortalecimento. No entanto, a modalidade propriamente dita nunca é considerada a cura para a maioria das lesões atléticas. Apenas através do exercício terapêutico será possível recolocar a parte ou as partes corporais lesadas em seu nível pré-lesão. Se um programa de reabilitação não for instituído em combinação com as modalidades terapêuticas, o ciclo da lesão poderá prosseguir.
O exercício precoce é essencial para a reabilitação. Os atletas podem aprimorar sua condição física em cerca de 1% ao dia , enquanto perdem de 3% a 7% de sua aptidão diariamente quando permanecem totalmente inactivos. Portanto, quanto mais longo o período de tempo durante o qual o atleta permanece inactivo, mais longo será o período necessário para completar o programa de reabilitação. O uso apropriado do exercício pode acelerar o processo de cicatrização, e a falta de exercício durante os estágios iniciais da reabilitação pode resultar em incapacidade permanente. Algumas limitações poderão ser necessárias para proteger um reparo cirúrgico ou permitir que ocorra a cicatrização adequada da lesão. As condições ideais para a cicatrização dependem de um equilíbrio delicado entre a protecção contra o estresse e o retorno à função normal no período mais precoce possível.
Cada programa de fisioterapia deve ser individualizado; não existe um programa de reabilitação do tipo “livro de receitas culinárias” para todas as lesões e que possa ser adotado para todos os atletas. Um programa de fisioterapia deve ser elaborado de forma a atender as necessidades do atleta, abordar as deficiências específicas e a levar em conta as demandas funcionais específicas do atleta para cada atividade desportiva, em vez de encaixar o atleta em um determinado plano de tratamento.
Os objectivos gerais da fisioterapia já foram mencionados. Antes de iniciar um programa de reabilitação, o fisioterapeuta, o técnico e o atleta deverão elaborar um conjunto de objectivos a curto, médio e a longo prazo baseados na lesão do atleta ou no procedimento cirúrgico realizado e na necessidade da competição. O uso de protocolos de reabilitação preestabelecidos como directrizes para a progressão do atleta através do programa de reabilitação pode ser valioso. Os protocolos deverão fundamentar-se em princípios derivados da pesquisa sobre o tempo de cicatrização e cinemática articular. Os objectivos podem ser delineados em relação à amplitude de movimento, à sustentação do peso e à progressão dos pesos nos exercícios com resistência progressiva. Entretanto, os protocolos de reabilitação são apenas directrizes e os indivíduos toleram a dor diferentemente e cicatrizam com ritmos variáveis. O avanço da reabilitação no atleta deverá basear-se na avaliação diária do fisioterapeuta quanto aos relatos subjectivos e achados objectivos. A progressão de uma fase para outra somente deverá ocorrer depois que o atleta alcançou os objectivos esboçados na fase actual.